top of page

Grow Your Vision

Welcome visitors to your site with a short, engaging introduction. 

Double click to edit and add your own text.

O movimento da coluna durante a Marcha Batida


Com um aumento do número e qualidade dos animais marchadores, observa-se um consequente aumento no nível de exigência atlética, associado ao fato de que se busca a máxima expressão do desempenho entre os 3 e 4 anos de idade, quando o animal ainda não atingiu seu completo desenvolvimento estrutural. Somando todos esses pontos ao fato de as provas de marcha, pela sua característica, exigirem um grande esforço físico por tempo prolongado, a incidência de afecções do sistema locomotor é relativamente alta. Dentre estas afecções, se encontram as lombalgias, que correspondem de 4,35% a 32% das claudicações, um número elevado, quando se analisa as várias enfermidades que acometem o sistema locomotor dos equinos.

Em nossa rotina clínica frequentemente atendemos animais com sinais inespecíficos de perda de desempenho, como redução no engajamento de posteriores, dificuldade na sustentação do conjunto de frente e flexionamento da nuca, perda da regularidade durante a prova, cauda embandeirada, redução na amplitude das passadas e animais que “brigam” com a embocadura. Após o exame de claudicação notamos que estes sinais estavam associados a lesões na coluna toracolombar dos animais. Adicionalmente, com o uso de uma filmadora de alto desempenho (GoPro), foi constatado que estes pacientes diagnosticados com dor lombar perdiam o diagrama de marcha, passando a trotar.

A partir das observações nos pacientes atendidos em nosso hospital, aliado a ausência de trabalhos com o cavalo Mangalarga Marchador, surgiu a necessidade de estudarmos os movimentos da coluna toracolombar da raça, direcionadas a uma melhor qualidade no diagnóstico e principalmente à prevenção. Então, para entender as causas da dor lombar, as circunstâncias que induzem a dor e o mecanismo físico destas lesões, é necessário um conhecimento preciso da anatomia funcional e biomecânica da coluna vertebral.

Para a realização deste estudo pioneiro, foram utilizados o sistema de análise tridimensional de movimento Optitrack® e o sistema de eletromiografia wireless Trigno®. Foram utilizados 5 animais da raça Mangalarga Marchador, 4 fêmeas e um macho castrado, com idade entre 4 e 12 anos (média 7,8 anos). Em cada um dos animais foi realizado o exame clínico do aparelho locomotor e exame físico da região toracolombar, composto pela inspeção, palpação, testes de mobilidade e análise do animal em movimento, com o objetivo de garantir que os animais não apresentassem claudicações ou dor lombar.

Os dados cinemáticos foram obtidos a partir de 8 marcadores retrorreflexivos de 2 cm de diâmetro, fixados na pele dos animais com fita adesiva dupla face hipoalergênica, nas apófises dos processos espinhosos da 8ª (T8), 12ª (T12), 15ª (T15) e 18ª (T18) vértebras torácicas, da 3ª (L3) e 5ª (L5) vértebras lombares, da 1ª (S1) vértebra sacral e 1ª (CD1) vértebra coccígea. Adicionalmente, foram fixados três dos mesmos marcadores em cada casco dos animais, um na extremidade dorsolateral da pinça e um em cada talão medial e lateral, para se determinar as fases de apoio e suspensão de cada membro. Para a aquisição das coordenadas tridimensionais dos marcadores foram utilizadas 18 posicionadas ao longo de um percurso plano e com piso duro, cujo volume de aquisição foi de 16,0×4,8×3,0 metros. Os músculos estudados neste trabalho foram o Longuíssimo Dorsal, Oblíquo Abdominal Externo, Reto Abdominal e Glúteo Médio.

Foi constatado que o movimento da coluna toracolombar de cavalos Mangalarga Marchador durante a marcha é de pouca amplitude, assim como nos cavalos de trote. Em relação ao trote, a coluna toracolombar e lombossacra apresentaram menor mobilidade nos planos sagital (Movimento Dorsoventral) e transverso (Movimento Lateral). Supõe-se que essa menor mobilidade esteja associada a Marcha, que gera menor força de reação vertical sobrea a coluna, transmitindo menos impacto ao cavaleiro.

Foram observadas diferenças na variação dos ângulos ao longo do ciclo da marcha, sobretudo nos ângulos da região torácica, que apresentaram platô na curva do movimento dorsoventral, indicando que os cavalos marchadores assumem uma postura de flexão da coluna durante as trocas de apoios. Sugere se que essas diferenças posturais estão associadas ao diagrama de Marcha do Mangalarga Marchador. Na região lombossacra foi observado movimento contrario ao da região lombar, e houve predomínio da extensão nesta região, que foi atribuído a dissociação nas trocas de apoio, necessária para que o Mangalarga Marchador desenvolva seu andamento marchado com dissociação nas trocas de apoio.

Os resultados da avaliação eletromiográfica mostrou que a atividade dos músculos Reto Abdominal e Oblíquo Abdominal Externo é semelhante aos cavalos de trote, sugerindo que eles possuem função estabilizadora durante o ciclo da marcha, restringindo o movimento de extensão, o Glúteo Médio apresenta função de extensão da articulação coxofemoral. Já o Longuíssimo Dorsal apresenta função de estabilização da coluna para propagação do impulso gerado pelo membro pélvico, com atividade semelhante aos animais de trote quando estudados ao passo.

Cabe ressaltar que os dados deste trabalho constituem uma descrição inédita do movimento da coluna toracolombar de cavalos Mangalarga Marchador, que servirão como base para comparação de pesquisas futuras sobre a biomecânica de cavalos de marcha.

*A pesquisa foi realizada na Universidade Federal de Viçosa, de forma independente, com a parceria entre a Clínica e Cirurgia de Grandes Animais do Departamento de Veterinária e o Laboratório de Análises Biomecânicas do departamento de Educação Física.

 
 
 

Commentaires


Featured Posts
Recent Posts
Archive
Search By Tags
Follow Us
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page