Genética em resgate: tropa original do Barão de Alfenas ainda preservada pela DJF do Goiabal
- Revista Sem Fronteiras Marchador
- 7 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
O plantel DJF do Goiabal é recuperado, nos últimos anos, por Raphael Ferraz, bisneto de um criador antigo de Mangalarga Marchador, Silvestre Junqueira Ferraz, que se casou com Anna Junqueira Ferraz, descendente da Fazenda Narciso. Hoje, Raphael trabalha na preservação da uma linha de sangue genuína Goiabal, buscando alternativas em cavalos como Desejo do Narciso e Fator da Cavarú - Retã. Linhagens de tradição, como Bela Cruz, Narciso e o plantel primeiro da Boa Vista, sempre estiveram presentes na genética da Fazenda Goiabal, nas divisas de Maria da Fé e Itajubá, no sul de Minas, onde Silvestre iniciou sua criação em 1926.
Descendentes diretos do Barão de Alfenas, a família que morava na Fazenda Boa Vista, em Cruzília, mudou-se para a região de Carmo de Minas no final do século XIX, fixando-se ali como referência na criação de cavalos marchadores. Esta é uma linhagem muito antiga. Existem documentos escritos por Maria Petronilha Ferraz e Ricardo L. Casiuch sobre a origem detalhada desta mudança da família de Cruzília para a região cafeeira. Em síntese, uma mudança que visava unir as famílias:
“Por volta de 1882, seis décadas após a consagração da Independência do Brasil por D. Pedro I, os dois irmãos e sócios venderam a belíssima Boa Vista e adquiriram a Fazenda dos Criminosos, então na localidade de Silvestre Ferraz (hoje Carmo de Minas), onde duas de suas tias já moravam: Helena Nicésia, na Fazenda do Condado, e Genoveva de Andrade Junqueira”
Maria Petronilha Ferraz, Ricardo Casiuch¹
A tropa era basicamente formada por éguas que levavam a quarto e quinto grau o sangue de Cana Verde e Abismo Rosilho do Narciso, simplesmente dois troncos pilares do Mangalarga Marchador. Silvestre teve dois cavalos base para a constituição de plantel pelos anos seguintes: o Reservado Campeão Nacional Favacho Baio e Sumaré, Reservado Campeão em São Lourenço, em 1945. Dois filhos de Sumaré se destacaram como garanhões de muito prestígio nas décadas de 1970 e 1980, Zaino e Ciclone (na linha baixa, Rosana do Goiabal). Ciclone deixou grande produção na região, como seus bisnetos Zé Boiadeiro Agisa e Marroco Agisa (foto); Res. Campeão dos Campeões Nacional de Marcha em 2007 e Campeão dos Campeões Brasileiro de Marcha no mesmo ano.
A tropa do Goiabal, naqueles anos, era reconhecida pelos animais de porte grande, na maioria pedrês, quentes e muito marchadores. Após a morte de Silvestre, um de seus filhos, Dalmo Junqueira Ferraz, preservou um lote de éguas e um garanhão chamado Ciclone II do Goiabal, sucessor de Ciclone. Hoje, Raphael é quem está incubido de preservar e dar continuidade a essa linhagem centenária, oriunda da tropa original do Barão de Alfenas, dividida na época nas duas Fazendas que substituíram o Campo Alegre - Boa Vista e Narciso.
Na raiz desta mesma linhagem, está também a dos Criminosos, em Carmo de Minas, atualmente criação de Maria Petronilha Junqueira, com o sufixo “Petrô”.
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